O massacre de 26 pessoas numa escola primária no Connecticut fez regressar o debate sobre a falta de controle das armas de fogo nos Estados Unidos. E se as tendências de compras da "Black Friday" [uma sexta-feira de grandes promoções e descontos no comércio] servem de indicador, um presente de aço frio e duro será mais popular que nunca nesta época festiva.
O artigo de Maddie Oatman and Ian Gordon, da Mother Jones.
A venda de armas ao público continua crescendo nos Estados Unidos. E segundo dados do FBI, a proximidade das eleições presidenciais animou o negócio.
Segundo o USA Today, nesse dia os comerciantes ligaram para o FBI com um total de 154.873 pedidos de verificação de cadastro de consumidores prontos a comprar armas de fogo. Isto é 20% acima do recorde estabelecido no ano passado com 129.166 chamadas num único dia. 62% dos pedidos nesta "Black Friday" correspondem a armas longas como as espingardas ou carabinas, do tipo da Bushmaster .223 usada pelo suspeito no tiroteio em Newtown, Connecticut (um estado onde não é necessária licença para a posse de espingardas).
O FBI não mantém um registo das armas vendidas - apenas os pedidos de verificação de cadastro recolhidos - mas o número é certamente maior que o das chamadas recebidas, dado que os consumidores podem comprar mais de uma arma por cada pedido. No geral, os pedidos de verificação de cadastro aumentaram 32% desde 2008. Como apontou a Bloomberg Businessweek, o fabricante de armas Smith & Wesson apresentou um número recorde de vendas no último trimestre, um aumento de quase 50% face ao ano anterior.
O crescimento das vendas de armas não significa necessariamente que haja mais novos proprietários de armas de fogo: uma investigação da CNN em julho mostrou que há cada vez menos gente na posse de cada vez mais armas.
A compra de armas está sempre em alta nesta altura. Mas este ano, a azáfama de Natal pode não ser o único motivo que leva as pessoas a adquirir armas. Nas semanas após a vitória de Obama para um segundo mandato, os pedidos de verificação de cadastro tiveram um aumento, tal como após a sua primeira eleição em 2008. A este propósito, na sua coluna do New York Times, Charles M. Blow citou um porta voz da National Rifle Association [o poderoso lobby que se opõe ao controle das armas nos EUA], que dizia que "sem dúvida as vendas de armas aumentam, porque os seus donos sabem que na melhor das hipóteses o Presidente Obama irá aumentar o preço das armas e munições através de mais impostos e regulação, e na pior das hipóteses vai querer ilegalizá-las por completo".
Os entusiastas das armas gostam de dizer que possuir uma arma de fogo é uma forma dos civis poderem intervir e prevenir tiroteios fatais. Mas quando Mark Follman, da Mother Jones, analisou os dados sobre assassinatos em massa nos últimos 30 anos, não encontrou um único caso de um civil armado que tenha salvo o dia. Na verdade, quando civis tentaram intervir, foram quase sempre feridos ou mortos.
(*) Artigo publicado originalmente na página da Mother Jones. Traduzido por Luís Branco (Esquerda.net).
Segundo o USA Today, nesse dia os comerciantes ligaram para o FBI com um total de 154.873 pedidos de verificação de cadastro de consumidores prontos a comprar armas de fogo. Isto é 20% acima do recorde estabelecido no ano passado com 129.166 chamadas num único dia. 62% dos pedidos nesta "Black Friday" correspondem a armas longas como as espingardas ou carabinas, do tipo da Bushmaster .223 usada pelo suspeito no tiroteio em Newtown, Connecticut (um estado onde não é necessária licença para a posse de espingardas).
O FBI não mantém um registo das armas vendidas - apenas os pedidos de verificação de cadastro recolhidos - mas o número é certamente maior que o das chamadas recebidas, dado que os consumidores podem comprar mais de uma arma por cada pedido. No geral, os pedidos de verificação de cadastro aumentaram 32% desde 2008. Como apontou a Bloomberg Businessweek, o fabricante de armas Smith & Wesson apresentou um número recorde de vendas no último trimestre, um aumento de quase 50% face ao ano anterior.
O crescimento das vendas de armas não significa necessariamente que haja mais novos proprietários de armas de fogo: uma investigação da CNN em julho mostrou que há cada vez menos gente na posse de cada vez mais armas.
A compra de armas está sempre em alta nesta altura. Mas este ano, a azáfama de Natal pode não ser o único motivo que leva as pessoas a adquirir armas. Nas semanas após a vitória de Obama para um segundo mandato, os pedidos de verificação de cadastro tiveram um aumento, tal como após a sua primeira eleição em 2008. A este propósito, na sua coluna do New York Times, Charles M. Blow citou um porta voz da National Rifle Association [o poderoso lobby que se opõe ao controle das armas nos EUA], que dizia que "sem dúvida as vendas de armas aumentam, porque os seus donos sabem que na melhor das hipóteses o Presidente Obama irá aumentar o preço das armas e munições através de mais impostos e regulação, e na pior das hipóteses vai querer ilegalizá-las por completo".
Os entusiastas das armas gostam de dizer que possuir uma arma de fogo é uma forma dos civis poderem intervir e prevenir tiroteios fatais. Mas quando Mark Follman, da Mother Jones, analisou os dados sobre assassinatos em massa nos últimos 30 anos, não encontrou um único caso de um civil armado que tenha salvo o dia. Na verdade, quando civis tentaram intervir, foram quase sempre feridos ou mortos.
(*) Artigo publicado originalmente na página da Mother Jones. Traduzido por Luís Branco (Esquerda.net).
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