De 12 a 16 de outubro, a Sociedade Interamericana de
Imprensa (SIP) realizará a sua 68ª Assembleia-Geral em São Paulo. O evento, que
retorna ao Brasil após 11 anos, reunirá os principais barões da mídia do
continente. Segundo a programação, 65 palestrantes tratarão de temas como novas
mídias, sustentabilidade financeira e “liberdade de imprensa”. Entre os
convidados brasileiros, o ex-presidente FHC, a ex-ministra Marina Silva e,
pasmem, a presidenta Dilma Rousseff – a mesma que é atacada pela mídia
diariamente.
Além das palestras, o convescote da máfia midiática prestará homenagens a conhecidos reacionários da região e aprovará as mesmas resoluções das assembleias anteriores. O advogado Cesar Ricaurte, da ONG Fundamedios, do Equador, receberá o “Grande Prêmio da Liberdade de Imprensa da SIP”. Ele é hoje um dos principais inimigos do presidente Rafael Correa e a sua “organização não governamental” é financiada pela Usaid, a agência estadunidense famosa por interferir nos assuntos internos de vários países da América Latina.
Cultura conservadora dos barões da mídia
Como já apontou Luciano Martins Costa, em artigo no
Observatório da Imprensa, a 68ª Assembleia da SIP não acrescentará nada de novo
ao debate sobre os desafios da mídia. “Deverão estar presentes os dirigentes de
todos os principais veículos de comunicação e boa parte dos consultores que nos
últimos vinte anos vêm conduzindo os negócios do jornalismo em direção ao
passado... São muitos os desafios, mas o maior deles parece ser da própria
cultura conservadora das empresas de comunicação”.
O principal debate deverá ser sobre o chamado “modelo
sustentável do jornalismo”. “Afora a apropriação da palavra ‘sustentável’, a
rigor nada mudou nas propostas de reflexão sobre o futuro da imprensa desde o
primeiro debate setorial sobre o advento da internet, realizado em 1995. O maior
entrave para a busca de um modelo sustentável de negócio parece estar no próprio
sistema de organização das empresas, cuja direção é excessivamente centralizada
e verticalizada”, fustiga Luciano Martins Costa.
Dilma vai reforçar o palanque dos golpistas?
Em síntese, como afirma o autor, a assembleia da SIP não
serve para nada. “Quem viu o primeiro, viu todos”. Na prática, o convescote
apenas confirmará a decadência do modelo de negócio dos barões da mídia,
decorrente dos avanços tecnológicos e da própria crise de credibilidade de uma
imprensa monopolizada e manipuladora. Como nas anteriores, a máfia midiática
aproveitará o evento para fazer política – confirmando sua conversão em
principal partido da direita. Daí a pergunta: o que Dilma vai fazer neste
palanque da oposição golpista?
Nenhum comentário:
Postar um comentário