Publicado no jornal O Estado de São Paulo em 21 de
setembro de 2012.
O britânico Rodney Tolley é pesquisador há mais de
30 anos da Universidade Staffordshire e chegou a São Paulo ontem para a
conferência "Andar a Pé nas Cidades", promovida hoje pela Prefeitura
em comemoração ao Dia Mundial Sem Carro. Suas pesquisas dizem que as cidades
com mais pedestres têm economia mais forte. Ele falou ao Estado ontem.
Como os pedestres podem ajudar a desenvolver a
economia de uma cidade?
Se você cria condições em que as pessoas se sintam
mais confortáveis, elas ficam mais tempo nos lugares, fazem compras, param,
tomam café, recarregam as energias e aí gastam mais dinheiro. O motorista
gasta, por exemplo, R$ 50 em um passeio. Quem anda vai gastar R$ 20, mas vai
voltar amanhã. No fim do mês, as pessoas andando gastam mais do que as que
dirigem.
O senhor estudou o caso da Time Square, em Nova
York, que bloqueou o tráfego de carros...
Lá, 90% do espaço era destinado a carros. Pessoas
ficavam espremidas, havia barulho. Você tirava fotos e saía. Agora, você puxa a
cadeira para o sol, toma café, vê o mundo passar. A associação comercial
adorou.
As pessoas já não fazem isso em shoppings?
Eles têm ar-condicionado, segurança, tudo isso é
grande atrativo. Mas o que a cidade tem de fazer é dizer para as pessoas que a
vida não é só comprar. Os shoppings não têm igrejas, bibliotecas. Tente fazer
uma foto lá. O segurança não deixa. É uma necessidade das cidades enfatizar os
espaços públicos.
E para onde vão os carros?
Os carros só ocupam espaço porque criamos ruas.
Simplesmente tirem os carros. Lá, não ficaram cinco anos pensando nisso.
Fizeram em um fim de semana, da noite para o dia.
A economia do Brasil está crescendo e todos querem
carros. Políticos receberiam críticas se adotassem medidas assim...
Estamos em um ponto muito interessante da história.
O clima está mudando, os congestionamentos ficam impossíveis, há crise de
obesidade. Tudo isso leva a uma mesma solução: reduzir o uso de carros e fazer
as pessoas andarem mais.
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