Publicado em 23 de novembro de 2012 no Blog do Miro.
As empresas de energia elétrica, muitas delas
multinacionais, declararam guerra à medida provisória do governo que reduz o
preço das contas de luz no bojo da renovação das concessões públicas. Nesta
campanha terrorista, elas contam com dois aliado de peso: a mídia privada e o
PSDB, tendo à frente o senador Aécio Neves. Há quase um mês, o braço
político-midiático destas corporações investe contra a medida, que visa baratear
os custos da energia elétrica e incentivar o crescimento econômico do
país.
O cambaleante Aécio Neves
O Palácio do Planalto "quer que o texto seja aprovado sem
alterações e sem atender à pressão das empresas”, afirma o jornal. O senador
Renan Calheiros (PMDB-AL) é o relator da Medida Provisória 579, que deverá ser
votada nas próximas semanas. Até lá, o lobby das companhias tende a crescer.
Diariamente, os jornalões têm publicado artigos apocalípticos sobre o tema.
Afirmam que há risco de colapso no setor elétrico, de novos “apagões”, com a não
renovação das concessões e o fim dos investimentos.
Na linha de frente desta campanha terrorista da mídia estão
renomados tucanos. O senador mineiro Aécio Neves, que tenta salvar sua
cambaleante candidatura presidencial, foi o primeiro a defender as empresas
contra a redução das contas de luz. Alegou que a medida rompe contratos e
prejudica o “deus-mercado”. Na sequência, outros caciques do PSDB foram
acionados. O deputado paulista José Anibal afirmou que a MP 579 fere o pacto
federativo, prejudica os estados e gera “insegurança jurídica em vários
níveis”.
A "musa das privatizações"
“Em suma, o governo federal tem se utilizado de seu poder
regulatório para impor ao setor e aos Estados regras draconianas e nada
republicanas, afugentando investidores e descapitalizando empresas de um setor
cuja saúde financeira é vital para o desenvolvimento. Ninguém é contra reduzir
as tarifas de energia. Mas a fórmula encontrada é malfeita, injusta, truculenta
e, provavelmente, sem base legal”, concluiu o tucano de São Paulo, o mesmo que
foi rifado por José Serra nas prévias para as eleições da capital
paulista.
Outra que saiu atirando contra a proposta da presidenta
Dilma foi a economista Elena Landau, a “musa das privatizações” do governo FHC.
Em artigo publicado no jornal Valor, ela garantiu que a MP 579 representa “uma
guinada de 360º” na política de concessões ao setor privado. “Em 2013 corremos o
risco de estar de volta a 1993, a um mundo de excessivo intervencionismo
estatal, insegurança jurídica e controle tarifário”, afirma a privatista. Para
ela, a iniciativa do governo peca pelo “radicalismo” no conteúdo e na
forma.
Como se observa, o neoliberalismo foi derrotado nas três
últimas eleições presidenciais, mas permanece com muita força no país –
principalmente na mídia rentista. Tudo é feito para defender as corporações e os
tais “investidores estrangeiros”, como se eles estivessem preocupados com o
desenvolvimento do país – e não com seus lucros astronômicos. Qualquer medida de
proteção da economia nacional e de incentivo ao crescimento é visto como
“intervencionismo”. Reduzir contas de luz, então, é um crime!
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